Desde ontem o roraimense está pagando mais pela carne bovina. O reajuste foi de 5%. O presidente da Cooperativa dos Produtores de Carnes de Roraima (Coopercarne), José Lopes, alegou que o aumento ocorreu devido às exigências da lei de mercado. “Não foi só em Roraima, mas em todo o país. É normal ter este ajuste todo ano. E achamos que ainda foi pouco”, disse Lopes.
Apesar do reajuste, não foi registrada queda de movimento nos açougues da Capital. Alguns donos de supermercados da zona Oeste disseram que vão manter o preço até o final do mês.
O reajuste, que geralmente ocorre entre os meses de setembro a outubro, também foi puxado pelo aumento no preço do sal e da ração utilizados pelos pecuaristas, o que afetou diretamente o custo da produção. No ano passado, ele chegou a 7%. “Tudo aumenta, menos o nosso salário. Está ficando cada vez mais difícil comer bem”, reclamou uma servidora pública, que preferiu não se identificar.
Lopes deixou claro que a Coopercarne não tem autonomia para reajustar preços e que o aumento ocorrido faz parte da lei de mercado. “Como já disse, não somos nós que decidimos aumentar o preço. O reajuste ocorre em todo país. Imagina se Manaus [AM] aumentar o preço, e nós não? Aí faltaria carne em Roraima, pois os produtores iriam vender tudo para o Estado vizinho”, argumentou.
Por ano, cerca 70 mil cabeças de gado são vendidas no Estado. José Lopes disse que o roraimense consome 17.500 toneladas de carne por ano. O gado regional é estimado em um milhão de cabeças. “O nosso excedente, de 30 a 40 mil cabeças, é vendido para Manaus”, afirmou.
RESTAURANTES - Nas churrascarias da Capital, o reajuste ainda não foi repassado para o consumidor. “Vamos aumentar o preço apenas no final do mês, mas nossos clientes não sentirão no bolso. O aumento será de mais ou menos 2%”, adiantou um dono de uma churrascaria na avenida Ville Roy, no bairro São Vicente, zona Sul.
Preços variam de acordo com os bairros
O preço da carne bovina varia até 20% nos estabelecimentos comerciais da Capital. A Folha pesquisou o valor do quilo cobrado de três carnes de primeira, nas quatro zonas da cidade, e constatou que a diferença no preço pode chegar até a R$15,00 de um bairro para outro.
A picanha, por exemplo, nos bairros da zona Oeste, os mais afastados do Centro e populosos, pode ser encontrada a R$20,99. Nos açougues de bairros centrais, a mesma carne, muito utilizada para churrasco, é vendida até a R$ 35,00 em um supermercado na avenida Capitão Júlio Bezerra, no bairro São Francisco, zona Norte.
Em um supermercado na avenida Surumu, no bairro São Vicente, zona Sul, a picanha custa em média R$25,99. Em outro supermercado na avenida Ataíde Teive, no bairro Mecejana, zona Oeste, o quilo da mesma carne sai a R$23,00.
Mas há uma inversão nos valores das carnes de segunda. Nos bairros mais afastados do Centro, por ser mais consumida, ela é mais cara. O chambari (músculo bovino da coxa com osso) e a carne de pescoço são as mais procuradas. O preço do quilo do pescoço fica abaixo dos R$4,00 nos bairros mais nobres, onde a demanda pelo produto é pequena. Já nos bairros da zona Oeste, a mesma carne pode ser encontrada a R$7,00. (AJ)
AMILCAR JÚNIOR