'Ah, se eu pudesse', de Roberto Menescal, é música de espera em grampo.
Versão instrumental toca enquanto ligação de Lula é transferida para Dilma.
Roberto Menescal, autor de 'Ah, se eu pudesse' (Foto: Sérgio Rodrigues/G1 AM) |
Roberto Menescal tomou um susto na quarta-feira (16), quando foi
divulgada a gravação da conversa entre a presidente Dilma Rousseff e o
ex-presidente Lula, após o juiz Sérgio Moro quebrar o sigilo da 24ª fase
da Operação Lava Jato. Um dos grandes nomes da bossa nova ouviu uma
versão instrumental de “Ah, se eu pudesse”, composição sua com Ronaldo
Bôscoli (1928-1994), enquanto uma ligação de Lula é transferida para
Dilma (ouça no áudio abaixo, a partir de 1 minuto e 23 segundos).
A música foi composta há 55 anos, no começo dos anos 60 (veja Menescal cantando no vídeo abaixo, gravado no programa "Almanaque", da GloboNews). A popularidade recente surpreendeu o artista.
“É impressionante como essas coisas mexem com as pessoas. Eu fiquei bem curioso para saber como a música foi parar lá", conta.
Após a divulgação da gravação, a página do compositor no Facebook recebeu mais de dois mil comentários em dois dias. Ele diz que aprecia a mobilização popular sobre a Lava Jato e espera que tudo seja esclarecido.
“Eu quero que as investigações cheguem até o fim. Não digo somente em relação à Dilma e ao Lula, mas em relação a todos os políticos. Porque esta é uma chance de o Brasil mudar. É uma oportunidade de ouro. Sou a favor de que a investigação continue e que se revele o que acontece."
Sobre a polêmcia sobre os grampos telefônicos, Menescal usa o bom humor para opinar.
"É hora de saber a verdade, o que há de errado e de bom (...) Mesmo que eu apareça em alguma gravação, não tem problema”, brinca.
Aos 78 anos, Menescal está na ativa desde o fim dos anos 50. Com centenas de composições, tem pelo menos 430 canções gravadas, com 30 LPs e CDs e 10 DVDs lançados.
Nascido em Vitória, no Espírito Santo, o músico vive no Rio de Janeiro desde os 3 anos. Já trabalhou como músico, produtor e arranjador, além de orquestrar álbuns de diversos artistas como Maysa, Silvinha Telles, Lúcio Alves, Caetano Veloso, João Bosco, Alcione, Elis Regina, Leila Pinheiro, Emílio Santiago, Nara Leão, Joana, Ivan Lins e Oswaldo Montenego, entre outros.
Também levou a música brasileira para apresentações em diversos países como Austrália, Rússia, França, Inglaterra, Japão, Argentina e Alemanha.