Enquanto presos trabalham em troca de redução de pena, espaços de lazer abandonados serão revitalizados e devolvidos à população
Presos trabalham nos serviços de limpeza, capina, pintura e manutenção dos parques aquáticos (Foto: Wenderson de Jesus) |
Cerca de dez presos de
bom comportamento, que integram o regime semiaberto do sistema
prisional, foram chamados para realizarem o trabalho de recuperação dos
parques aquáticos de Boa Vista, que estavam há vários anos abandonados. A
ação de revitalização dos espaços de lazer começou pelo Parque Aquático
do bairro Caçari, na zona Leste, e depois será estendida para o do
Caranã, na zona Oeste.
O trabalho faz parte de uma ação
conjunta da Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed),
Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), Companhia de Águas e
Esgotos de Roraima (Caerr) e Corpo de Bombeiros Militar de Roraima
(CBMRR). O objetivo, além de recuperar os parques, é a reinserção dos
detentos na sociedade.
A estrutura dos parques aquáticos da
Capital vinha sendo alvo constante de denúncias e reclamações de
moradores e órgãos de fiscalização. Os espaços, que antes serviam como
opção de lazer para milhares de boa-vistenses nos fins de semana,
atualmente vinham servindo de abrigo para criadouros de mosquito da
dengue e ponto de encontro de usuários de drogas.
Nos locais, os detentos farão serviços
de capina, pintura, elétricos, hidráulicos, além de manutenção das
piscinas para que os voltem a funcionar. A previsão é que o primeiro a
ser revitalizado, o do Caçari, já reabra para a população em um mês.
Segundo o secretário de Educação, Jules
Rimet, a intenção será utilizar os parques para várias atividades. “A
reforma será em parceria com a Federação Aquática Marítima, que irá
administrar, com a participação da Seed, os parques com aulas de natação
e outras atividades para que se torne um ambiente prazeroso como era
antes”, disse.
Os presos que atuam na reforma já
trabalhavam na área de construção civil. “Entre os internos existem
profissionais carpinteiros, serralheiros, eletricistas e pedreiros. A
cada três dias de trabalho será um dia a menos de pena e um patrimônio
público, que está a bastante tempo abandonado, recuperado e colocado de
volta para uso da população”, afirmou.
O secretário informou que o custo
inicial da recuperação do parque aquático do Caçari foi de apenas R$ 1
mil. “No primeiro momento, investimos apenas na compra das roçadeiras e
materiais básicos, como enxadas e capina. Isso custou um pouco mais de
R$ 1 mil. Alguns materiais foram recebidos de doações e, a princípio, o
custo é baixo para essa recuperação”, destacou.
Após o término da limpeza do espaço,
serão feitos os serviços de maior complexidade, como recuperação das
piscinas e tobogãs. “Vai depender da complexidade dos serviços, mas o
básico será rápido e acreditamos que em uma semana a limpeza fique
pronta para que as soldagens e recuperação das piscinas possam ser
feitas. Acredito que em um mês tenhamos um trabalho expressivo para que o
parque volte a funcionar”, frisou.
RESSOCIALIZAÇÃO - A
inserção dos detentos no trabalho de reforma dos parques aquáticos faz
parte do “Projeto Hebreus 13:3”, um versículo bíblico que fala sobre a
oportunidade aos presos para o retorno à sociedade.
“A primeira experiência ocorreu em São
Luiz do Anauá [Sul do Estado], onde presos do regime semiaberto de bom
comportamento já fazem a parte de limpeza externa de algumas escolas. Em
uma conversa com o secretário propomos estender o trabalho para a
Capital. Pedimos que a população entenda, para que sejam vistos como
pessoas que entendam que estão tendo oportunidade para que esses presos
tenham uma ressocialização digna”, ressaltou o secretário. (L.G.C)
Por Luan Guilherme Correia