A família de uma grávida
que ficou quase dois dias com o bebê morto dentro da barriga denunciou à
Folha a demora para a realização da cesárea para retirar o feto. De
acordo com os familiares, a paciente Janaina Alves da Fonseca deu
entrada no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN)
na manhã de quarta-feira, 15, com o bebê de nove meses já morto.
A previsão era que o procedimento fosse
feito às 10 horas do dia seguinte, 16, porque outras mulheres que
estavam com o bebê vivo foram passadas na frente na sala de cirurgia.
“Questionei que minha esposa estava com o bebê morto dentro da barriga e
informaram que iriam atender as mães que já estavam parindo. Disseram
para nós que o feto morto dura até quatro dias dentro da barriga”, disse
o marido da paciente, Sebastião Correia.
Segundo ele, o casal descobriu que o
bebê estava morto após realização de procedimento de rotina em uma
clínica particular. “Perguntei a ela se nosso filho estava mexendo na
barriga e a levei para fazer o exame de rotina, onde não detectaram
batimento cardíaco. Encaminharam minha esposa para a maternidade,
fizeram os exames e depois do ultrassom viram que a criança estava em
óbito”, relatou.
O marido da paciente informou que
prestou queixa na administração da maternidade, mas nada foi resolvido.
“Fui à administração e pedi que vissem nosso caso como urgência.
Disseram que havia cinco mães para ganhar bebê. Passou um dia e uma
noite, mas só na madrugada do outro dia que foram fazer a cirurgia
nela”, afirmou.
Ele disse que chegou a temer pela vida
da esposa por conta da demora para a realização da cirurgia. “Eu estava
vendo o momento de minha esposa entrar em óbito, porque ela estava sem
saber o que fazer com a criança morta na barriga dela. Até para pegar a
declaração de óbito foi uma luta. O médico que deveria preencher, não
preencheu e foi preciso outra pessoa interceder para enterrarmos nosso
filho”, lamentou.
SESAU - Em nota, a
Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) disse que considera normal a
preocupação da família em relação ao caso da paciente Janaína Alves da
Fonseca, mas informou que HMINSN adotou todos os procedimentos e métodos
adequados para preservar a vida da mulher. "No entanto, a prioridade da
unidade é sempre atender primeiro os casos em que há risco de morte
para mãe ou bebê", explicou.
Conforme a nota, a paciente foi atendida
na unidade, passou pelos exames necessários para monitorar seu quadro
de saúde e está sendo acompanhada continuamente pela equipe médica, que
até o momento avaliou que o quadro dela é estável e ela não corre risco
de ter complicações. Por este motivo foram atendidas com prioridade
mulheres em quadro mais urgente.
"Esclarecemos que a maternidade está
seguindo os protocolos orientados pelo Ministério da Saúde, e o tempo de
espera está bem abaixo do limite aceitável, sem colocar em risco a vida
da paciente. Pontuamos que a indicação para o óbito no útero é que seja
induzido o parto normal, já que apresenta menos risco de infecção. No
entanto, a paciente será reavaliada para analisar se há condições de
realizar este procedimento sem complicações e a escolha será sempre pelo
método mais seguro", frisou.
A Sesau enfatizou que tanto a direção da
unidade quanto a Ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS) estão à
disposição para esclarecer todas as dúvidas da paciente e dos
familiares. (L.G. C)
Por Folha Web