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Húngaro sofre queda de paraglider em MG, tira selfie e sobrevive a sete fraturas

Ele teve o acidente após saltar do Pico do Ibituruna, na Região do Vale do Rio Doce. Agora em BH, Thomas Antallfy aguarda, ao lado da mulher, liberação dos médicos para voltar para casa.
Thomas Antallfy tirou self após ter ficado horas desacordado por causa de uma queda de paraglider. (Foto: Thomas Antallfy/Arquivo pessoal)

Trinta e dois dias após sofrer uma queda em voo de paraglider do Pico do Ibituruna, em Governador Valadares, na Região do Vale do Rio Doce, o húngaro Thomas Antallfy, de 54 anos, não sabe como se levantou, tirou selfie e pediu carona em uma estrada, mesmo com uma fratura na base do crânio, um hematoma e uma contusão cerebrais, além de três costelas, duas vértebras e um dos ombros quebrados.
“O acidente aconteceu no dia 23 de fevereiro e ele não foi resgatado, nem chamou por ajuda. Ele tirou selfie depois de ficar inconsciente por mais de 12 horas. Não pensou em ligar para alguém. Ninguém sabe por que. Nem ele. Ele saiu do mato sozinho, pediu carona e voltou pra Governador Valadares. Não tem quase nenhuma memória do acidente ou do que aconteceu nos dez dias seguintes”, disse a mulher dele, Anita Dangel.
Thomas é experiente em saltos de paraglider. Ele foi a Governador Valadares porque o Ibituruna é um dos locais mais procurados do mundo pelos amantes de voo livre. O pico tem 1.123 metros de altitude em relação ao nível do mar. Nos saltos, os pilotos podem atingir altura entre 1,8 mil e 2,5 mil. De acordo com a Associação de Voo Livre Ibituruna (AVLI), a ausência de montanhas próximas evita fortes turbulências.
Porém, Thomas teria perdido o controle do voo por causa de uma forte rajada de vento. Depois de conseguir voltar à cidade, ele foi levado pelo instrutor para o Hospital Municipal de Governador Valadares. O húngaro teria sido atendido, medicado e liberado, apesar de ter sofrido vários traumas pelo corpo.
Procurada pelo G1, a AVLI informou que não teve conhecimento do acidente envolvendo o europeu, mas disse que, normalmente, os voos não são registrados no local. Os bombeiros também não foram acionados, já que o húngaro conseguiu voltar à cidade sozinho.
O húngaro havia saltado do Ibituruna no dia 16 de fevereiro e tirou uma foto perto de Alpercata, cidade a 19 quilômetros de Governador Valadares. (Foto: Thomas Antallfy/Arquivo pessoal)

“Eu fiquei sem notícias do Thomas e resolvi ir até ele. Dias após o acidente, ele ficou no hotel, com muita dor. Quando cheguei, nós voltamos ao hospital e decidimos levá-lo para Belo Horizonte onde a infraestrutura é melhor”, contou Anita.
O Hospital Municipal de Governador Valadares confirmou que ele foi atendido, mas não informou porque Thomas foi liberado. A prefeitura, responsável pela instituição, informou em nota que um levantamento está sendo feito para sobre o caso.
Cinco dias após a queda, Thomas chegou ao Hospital Mater Dei, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ele viajou em uma ambulância contratada pela mulher. “Ele foi atendido de madrugada, por volta de 1h. O Thomas estava acordado, conversando e conseguia caminhar”, disse a neurologista Julia Kallás, integrante da equipe do hospital.
O húngaro passou por uma série de exames. Apenas o ombro dele foi operado, já que, em relação aos outros traumas, a equipe médica decidiu pelo tratamento conservador, em que o próprio corpo regenera as fraturas e hematomas.
“É realmente surpreendente que ele tenha sobrevivido a essa queda, ter ficado desacordado por tantas horas e não ter tido grandes complicações. Apesar do politraumatismo, praticamente não teve nenhum sintoma neurológico”, disse a neurologista.
Thomas foi submetido a uma cirurgia de ombro após sofrer queda de paraglider. (Foto: Anita Dangel/Arquivo pessoal)

Thomas não teve nenhuma sequela. Agora ele aguarda liberação dos médicos para poder viajar de avião e voltar para Londres, onde vive com a mulher. “Esperamos agora para saber se ele está ‘pronto para voar’, expressão mais ridícula nesse caso”, brincou Anita.
Perguntado se ele voltaria a voar de paraglider, o húngaro falou que ainda não tem uma resposta, mas tem refletido muito ao lado da mulher sobre o que quer fazer da própria vida a partir de agora.
“Eu não tenho ideia de como vou me recuperar disso tudo, mas estou feliz e aliviada porque ele está vivo. É tão estranho como um lugar que você nunca ouviu falar, não apenas apareça no seu ‘mapa’, mas se torna tão significante na sua vida”, disse Anita. 





Por Thais Pimentel, G1 MG, Belo Horizonte
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