Caso ganhou repercussão em 2013 por conta de imagens de câmeras de segurança que mostravam Felipe no capô do carro em alta velocidade
Caso ganhou repercussão em 2013 por conta de imagens de câmeras de segurança que mostravam Felipe no capô do carro em alta velocidade (Foto: Antônio Carlos) |
Após doze horas de
duração, foi encerrado o julgamento da jovem Natália Gomes de Oliveira
por tentativa de homicídio contra o ex-namorado Felipe Brendo, ontem à
noite, 23, no auditório do Tribunal do Júri no Fórum Criminal Ministro
Evandro Lins e Silva, no bairro Caranã, zona Oeste da Capital. A ré foi
condenada por unanimidade a oito anos de prisão em regime fechado,
atendendo a denúncia oferecida pelo promotor Paulo André Campos
Trindade, do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR).
A jovem de 22 anos foi acusada de
atropelar o ex-namorado e por percorrer as ruas da Capital por cerca de
mais dois quilômetros com a vítima se segurando no capô do veículo
conduzido por ela. O caso ocorreu em 2013 e ganhou repercussão nacional
por conta de imagens capturadas por câmeras de segurança, que mostravam a
vítima sendo arrastada pelo carro em alta velocidade em via pública.
"Depois de ouvir todas as testemunhas,
os jurados decidiram pela condenação de homicídio qualificado por motivo
torpe, por um motivo de uma briga banal de relacionamento e por ter
exposto ao perigo, já que ela circulou pelas vias da cidade como se
tivesse carregando um animal no carro", afirmou o promotor Paulo
Trindade. "Não precisava da intenção direta de matá-lo, bastava ela
aceitar que a gravidade da situação poderia matar", acrescentou.
O promotor explicou que a pena inicial
era de 12 a 30 anos de prisão, mas por conta de Natália ser menor de 21
anos na época do ocorrido e ser ré primária, houve a redução da pena. A
defesa ainda poderá entrar com recurso para recorrer da decisão em
segunda instância.
JULGAMENTO – A ação foi
presidida pela juíza Lana Leitão, titular da 1ª Vara do Tribunal de
Júri da Justiça Militar, da Justiça de Roraima e contou com a
participação de júri popular. De acordo com o Ministério Público, o
julgamento pode ser considerado como o primeiro júri virtual de Roraima,
pois os jurados tiveram acesso a informações sobre o caso por meio de
recursos digitais, como tablets.
Durante o seu depoimento, Felipe Brendo
informou que não se recordava do acidente e que só sabe o que ocorreu
devido às gravações das câmeras. Apesar de dizer que o relacionamento
foi conturbado durante seis meses, o jovem reforçou que não sabia o
motivo da agressão. Por fim, a vítima chegou a dizer que perdoava a
ex-namorada pelo ocorrido. "Eu não tenho rancor, não tenho raiva. Mesmo
eu não sabendo por que ela fez o que fez", disse a vítima.
O CASO – Em janeiro de
2013, o jovem Felipe Brendo, na época, com 19 anos, foi atropelado pela
ex-namorada Natália Gomes, que tinha 18 anos. O acidente ocorreu quando
Natália saiu da casa da avó de Felipe,
conduzindo o carro do jovem. Por conta
da gravidade do acidente, a vítima chegou a ficar internada na Unidade
de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Roraima (HGR), mas não
precisou passar por cirurgia.
Natália se evadiu do local do acidente e
foi considerada como foragida da Justiça por tentativa de homicídio.
Passados alguns dias, ela se apresentou à polícia para prestar
esclarecimentos. Amigos de Felipe chegaram a fazer campanha para
localizar Natália e declarar que o acidente aconteceu porque a jovem
teria ficado insatisfeita com o fim do relacionamento de seis meses
entre o casal.
Na época do depoimento à polícia, a
jovem alegou que a ação seria uma 'brincadeira' e que não tinha o
intuito de machucar a vítima. Os advogados de defesa de Natália
sustentavam a hipótese de que ela teria tentado fugir da casa da avó de
Felipe com o veículo e que ele teria tentado impedir, permanecendo na
frente do carro.
Em setembro do ano passado, o Tribunal
de Justiça chegou a iniciar o julgamento de Natália, porém, o júri foi
suspenso após o promotor do caso, André Nová, informar ao juiz Esdras
Silva Pinto, que ele descobriu posteriormente que era amigo pessoal do
tio da vítima e que, portanto, não se sentia apto para participar do
julgamento. (P.C.)
Por Paola Carvalho