Há quase 30 anos, uma peça achada em um mergulho na Praia dos Amores,
em Caiobá, balneário de Matinhos, intriga moradores do litoral do
Paraná. O artigo de bronze, que parece uma máscara de cerca de 30
centímetros, foi encontrada pelo empreiteiro Diomar Renato Cunha, o
Seto.
Seto morreu, em 2002, sem saber qual a origem do objeto. O designer
Marcos Bonatto - que era amigo e costumava mergulhar junto com ele para
pescar - conta que, por muito tempo, eles tentaram descobrir de onde o
artefato veio.
"O Diomar achou entre 1989 e 1990. Eu não estava junto, mas
costumávamos mergulhar bastante ali no local. Ele encontrou a peça junto
com umas pedrinhas, ali na água", lembra. À época, Marcos conta, os
dois procuraram muita gente para tentar descobrir a procedência do
objeto.
"Procuramos o Museu Paranaense, arqueólogos. Historiadores nos disseram
que não poderia ser da Civilização Fenícia por causa da tecnologia do
furo. Tentamos contato com museus fora do país, mas sem retorno. Também
falaram que poderia ser de cunho religioso ou uma carranca", explica.
Marcos conta que, apesar dos esforços, ele e o amigo nunca tiveram uma resposta definitiva sobre o assunto.
"A gente sempre ficou na curiosidade de descobrir. Nós e muita gente
que mora no litoral, né?! Saiu até no jornal da região. Eu,
particularmente, também já pesquisei muito, muito mesmo, e não achei
nada de concreto", relata.
Atualmente, o artefato está em Matinhos, com a viúva de Seto.
O que os arqueólogos dizem
O G1 entrou em contato com o arqueólogo e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Laércio Loiola Brochier.
"É uma peça sem contexto. Com isso, quero dizer não foi encontrada em
uma atividade sistemática de arqueológia subaquática, onde, talvez,
fosse possível relacionar outros achados no mesmo local", justifica.
O G1 também
procurou a arqueóloga Cláudia Inês Parellada, que trabalha no Museu
Paranaense, em Curitiba, desde 1984. Ela conta que moldes de gesso da
peça chegaram a ser feitos no museu, mas que a investigação não foi para
frente pela falta do objeto original.
"À época, eles nem nos falaram direito de onde havia sido retirada.
Falaram que era do litoral do Paraná e só. Para ter alguma resposta
melhor, seria necessário identificar a liga metálica, em método
arqueométrico, não destrutivo; e também a forma de produção dessa liga",
afirma.
Para Cláudia, o artefato pode ser parte do adorno de alguma embarcação,
por exemplo. "Tem traços medievais, de cavaleiro, com simbologias
variadas. Como um objeto solto, sem análises maiores, fica difícil
identificar com segurança", acredita.