Suely Campos visitou a unidade de saúde na manhã de ontem para ouvir os problemas enfrentados por pacientes e funcionários
Suely Campos conversou com pacientes e familiares (Foto: Hione Nunes) |
A governadora Suely
Campos visitou na manhã de ontem, 1º, as instalações do Hospital Geral
de Roraima, acompanhada do secretário estadual de Saúde, Marcelo
Batista, de diretores da unidade e assessores.
Inicialmente a governadora visitou os
pacientes internados no Bloco A, conversou com familiares e ouviu
reclamações sobre a falta de medicamentos, lençóis e acomodações para os
pacientes que estão nos corredores, e a não realização das cirurgias
eletivas, suspensas desde o ano passado, conforme documento encaminhado
pela equipe diretora da unidade e a Coordenadoria-Geral de Urgência e
Emergência da Secretaria Estadual de Saúde, relatando o
contingenciamento de medicamentos.
Ainda em visita no Bloco A, no setor de
enfermagem, os servidores relataram à governadora a falta de alguns
antibióticos, analgésicos injetáveis, dipirona em comprimido, lençóis
para os pacientes internados e até material de expediente, como papéis
para prescrição de receitas para os pacientes com alta médica.
“Dentre os medicamentos que mais são
utilizados, está em falta o Tramal, solução injetável indicada para o
alívio da dor de intensidade moderada à grave, sendo um analgésico que
age no sistema nervoso, e está há alguns dias em falta. Outra questão é a
falta de lençóis para cobrir as camas. Em alguns casos, temos orientado
os familiares a trazerem de suas residências”, relatou uma enfermeira à
governadora.
Em seguida, Suely se deslocou até o
trauma, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), setor de farmácia,
laboratório e percorreu os corredores do HGR conversando com servidores,
pacientes e familiares. Ao avaliar a visita, a chefe do Executivo
estadual declarou que tem acompanhando de perto a questão do HGR e o
objetivo da visita foi conferir algumas adequações que estão sendo
propostas em conjunto com a direção administrativa da unidade de saúde,
proporcionando uma melhor otimização do espaço físico, adequar novos
leitos e desafogar os corredores do HGR.
“De imediato, quero anunciar a mudança
do espaço administrativo, onde atualmente se encontra o setor de
farmácia. Com esta adequação, será possível implantarmos mais 28 leitos e
assim minimizar a questão das macas, em decorrência do aumento
significativo dos atendimentos nos últimos dias decorrente do fluxo
migratório de venezuelanos ao Estado. Em todas as alas por onde passei,
encontrei pacientes em tratamento”, detalhou.
A governadora destacou que o crescimento
destes atendimentos incide diretamente na qualidade da prestação do
serviço de saúde e afirmou que, como está acompanhando todos os dias o
fluxo de atendimento no HGR, decidiu em conjunto com o secretário de
Saúde adotar de imediato esta adequação da área administrativa.
“Estamos a um mês da inauguração do
Hospital das Clínicas, onde serão criados mais 192 leitos e servirá de
retaguarda para o HGR. No meio do ano, será a vez do anexo desta
unidade, com a implantação do bloco C. Reconheço que estamos
atravessando esta dificuldade e, após ouvir cada relato de pacientes e
familiares, logo estaremos superando esta dificuldade de leitos,
melhorando e otimizando um serviço de saúde de qualidade”, finalizou.
Pacientes afirmam que faltam medicamentos e cirurgias estão sem ser realizadas
Na visita ao trauma e aos pacientes que
estão em macas nos corredores, os familiares relataram à governadora
Suely Campos e ao secretário estadual de Saúde, Marcelo Batista, a longa
espera pela realização das cirurgias e a aquisição de medicamentos por
conta própria, devido à falta em estoque quando são prescritos pelos
médicos da unidade.
Um destes exemplos é o caso do
aposentado Florival Agrella, que está há mais de três dias em um dos
corredores do HGR devido a um AVC. “Esta já é a segunda vez que
retornamos e meu pai só piora. Estamos aguardando há seis meses a
realização de sua cirurgia de próstata e sempre é remarcada. A desculpa é
que existem outras prioridades. Agora devido a um AVC, estou com ele
nesta maca há mais de três dias esperando um leito”, disse a filha
Antonia Santos.
O açougueiro James Souza está passando
pela mesma dificuldade. A esposa dele relatou que a situação requer um
cuidado específico, já que está recém-operado da vesícula e não há leito
disponível. “Já fui ao serviço social e relatei o problema, mas nenhuma
medida é solucionada. Enquanto isso, meu esposo fica sofrendo em cima
desta maca em péssimas condições. Relatei à governadora esta situação e
vamos esperar para ver se agora conseguem um leito”, reclamou.
PROBLEMA ANTIGO – Em
resposta, o secretário estadual de Saúde, Marcelo Batista, declarou que
este é um problema antigo de estrutura física e que a quantidade de
leitos não é suficiente. Batista reforçou que, pensando em desafogar os
corredores, foi determinada pela governadora a transferência da sala
onde funciona a farmácia e assim será possível adequar mais 28 leitos. A
previsão é que até sábado este novo espaço esteja disponível.
Quanto à falta de medicamentos, o
secretário adiantou que estão sendo feitas todas as licitações para a
aquisição de medicamentos. Ele detalhou que a capacidade de
abastecimento de todas as unidades de saúde estadual, hoje, é em torno
de 50%, mas existe um esforço concentrado para que este número seja de
70% em sua gestão.
Em relação às cirurgias eletivas,
Marcelo Batista informou que, no ano passado, foram suspensas por falta
de medicamentos e adequação de algumas estruturas, mas o centro
cirúrgico já está 100% funcionando e algumas já estão sendo feitas,
obedecendo a uma lista de prioridades e, no máximo em duas semanas,
todas serão realizadas. “O mutirão de cateterismo, parado desde
novembro, será retomado no sábado com 130 pessoas que estavam na fila.
Conseguimos com muito esforço realizar a retomada deste procedimento e
esperamos sanar todas estas dificuldades o quanto antes”, finalizou.
Terceirizados relatam atraso no pagamento de salários
Aproveitando a visita da governadora
Suely Campos, um grupo de servidores da empresa Cometa, uma das
prestadoras de serviços terceirizados na unidade de saúde, relatou o
atraso no pagamento de seus salários. Eles detalharam a dificuldade que
estão passando, pois estão há quatro meses sem receber.
“Estou com vários carnês atrasados, com
dificuldade de comprar alimentos e atualmente estou recebendo a ajuda de
uma irmã para conseguir alimentar meus filhos. Não tenho outra
alternativa a não ser esperar o pagamento destes meses de salário
atrasado, pois já procurei outro emprego, mas a situação em Roraima está
muito difícil”, relatou um dos terceirizados que optou por não ser
identificado.
OUTRO LADO – Em nota, o
Governo do Estado informou que as obrigações trabalhistas são de
responsabilidade das firmas terceirizadas. “O contrato prevê que o
pagamento dos funcionários seja garantido, ainda que a prestadora deixe
de receber por 90 dias consecutivos, o que não é o caso. A gestão está
fazendo o possível para que novos repasses sejam feitos o mais breve
possível”, alegou. (R.G)
Por Folha Web