A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (8), a Operação
Torrentes II - Círculo de Fogo, que investiga a relação de bombeiros
militares do Maranhão com suspeitos de fraudes no plano de reconstrução
de cidades pernambucanas atingidas por enchentes em 2010 e em 2017. Os
agentes cumpriram, até as 10h, seis dos sete mandados de prisão
expedidos, bem como nove mandados de busca e apreensão nos dois estados.
Em Pernambuco, foram cumpridos quatro mandados de prisão e dois de
busca e apreensão. No Maranhão, os agentes cumpriram dois dos três
mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão. Ao todo, 80
policiais federais cumprem os mandados de prisão e busca e apreensão,
todos expedidos pela 13ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco.
De acordo com a PF, as irregularidades foram encontradas a partir de documentos apreendidos na primeira fase da Operação Torrentes, deflagrada em novembro do ano passado, apenas em Pernambuco.
A polícia informou que o valor era creditado pelo Corpo de Bombeiros do
Maranhão na conta de uma empresa, que foi investigada na primeira etapa
da operação. A partir disso, parte dos recursos era repassada
diretamente para oficiais da corporação naquele estado ou para um
operador, que ficava encarregado de transferir os valores.
Os presos em Pernambuco estão sendo levados para a sede da Polícia
Federal, no Bairro do Recife, para fazer exame de corpo de delito e
comparecerem à audiência de custódia.
Caso sejam condenados, eles podem responder por corrupção passiva e
corrupção ativa, cujas penas passam de 12 anos de reclusão.
Entenda o caso
A Operação Torrentes surgiu a partir de denúncias anônimas envidas à
Controladoria Geral da União em Pernambuco, no ano passado. Os contratos
investigados totalizam R$ 450 milhões para compra de comida, colchões,
filtros de água e lonas de proteção para os desabrigados.
Segundo a PF, a fraude no valor de contratos para reestruturação de
municípios da Mata Sul de Pernambuco após as enchentes de 2010 e 2017 pode chegar até a 30%.
Além disso, houve também o não fornecimento dos produtos, o que pode
totalizar um prejuízo de R$ 10 milhões aos cofres públicos.
Segundo os investigadores, foi verificado ainda um conluio entre quatro
grupos de empresas para que se conseguisse as licitações durante os
períodos emergenciais. Em dezembro do ano passado, o Ministério Público
Federal (MPF) denunciou oito envolvidos no caso, sendo quatro militares e quatro citados no grupo de empresários ligados ao suposto esquema.
Na primeira fase da operação, foram expedidos 71 mandados judiciais,
sendo 36 de busca e apreensão, 15 de prisão temporária e 20 de condução
coercitiva. Também houve uma condução coercitiva no Pará. Todos os
mandados foram cumpridos em 9 de novembro, com exceção de um de prisão
de temporária - o envolvido se apresentou à polícia em 10 de novembro. Entre os presos, estavam dois coronéis, um coronel aposentado e um tenente-coronel.
Todos os 15 presos foram soltos
no dia 14 de novembro, com exceção de um dos envolvidos, que havia sido
liberado após ter o habeas corpus concedido pelo Tribunal Regional
Federal da 5ª Região (TRF5) no dia 11 de novembro.
Por G1 PE