Uma semana após o desaparecimento de mais de 100 alunas de uma escola
no nordeste na Nigéria após um ataque do grupo extremista Boko Haram, o
presidente nigeriano Muhammadu Buhari admitiu nesta segunda-feira (26)
que elas foram sequestradas.
"O governo está ao lado das estudantes de Dapchi que foram
sequestradas", declarou Buhari durante a visita à presidências de uma
delegações de ex-reféns do Boko Haram libertados no ínicio do mês.
É a primeira vez que este termo é utilizado de maneira oficial. Até
então, as autoridades se referiam a "desaparecimento" - e não
"sequestro" -, e os pais não tinham claro se elas tinham sido raptadas
ou se tinham fugido para a selva.
"Ordenei todas as agências de segurança do país de garantir a segurança
em nossas escolas e de trazer nossas filhas sequestradas de volta às
suas famílias", ressaltou o chefe de Estado.
O ataque aconteceu há uma semana.
De acordo com moradores ouvidos pela AFP, em 19 de fevereiro,
milicianos do grupo extremista nigeriano, fortemente armados, atacaram a
cidade de Dapchi. Eles atiraram para o alto e detonaram granadas.
Muitas estudantes e professoras fugiram pelo medo de sequestro, mas 110
outras não tiveram a mesma sorte. Na última sexta, os pais das meninas
afirmaram que 105 continuavam sumidas.
Sequestro em Chibok
A admissão acontece por ocasião do quarto ano de outro sequestro em
massa das alunas, 276 no total, em Chibok, em abril de 2014.
Há quatro anos, 276 estudantes foram sequestradas em Chibok, no estado
de Borno (nordeste), reduto do grupo extremista Boko Haram que conduz
desde 2009 uma insurreição que já fez mais de 20.000 mortos e 2,6
milhões de deslocados.
Na noite de 14 de abril de 2014, homens armados invadiram o internato
de meninas de Chibok, forçando as estudantes, de 12 a 17 anos, a entrar
em caminhões.
Dezenas de meninas foram libertadas desde então, mas outras permanecem
nas mãos do Boko Haram. No início de janeiro, várias delas apareceram em
um vídeo transmitido pelo grupo, dizendo que não iriam voltar e não
queriam deixar o "califado".
É impossível contar com precisão as meninas ainda detidas pelo grupo
extremista, cujo nome significa "a educação ocidental é um pecado",
porque algumas podem ter sido assassinadas ou morreram em cativeiro.