Pela primeira vez, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre terá uma
vereadora trans. Luísa Stern, suplente com cerca de 500 votos nas
últimas eleições municipais, atuará na casa nos dias 7, 8 e 9 de março,
em uma vaga aberta com a licença de um colega de legenda.
Luísa explica que é o próprio partido, o PT, que estimula o "rodízio",
em que dois vereadores pedem licença do cargo em datas significativas,
para dar lugar a pessoas que representem uma causa. Para marcar o Dia
Internacional da Mulher, Marcelo Sgarbossa e Aldacir Oliboni pedirão
licença, para oportunizar a atuação parlamentar de duas mulheres
suplentes. Em seus lugares, estarão Luísa Stern e Natália Alves.
Luísa acredita que a sua presença na casa pode ser considerada
histórica. "Uma questão que acho que é a maior de todas é a
visibilidade, quebrar uma barreira, romper com preconceitos, no sentido
de ser a primeira vereadora trans de Porto Alegre", diz ela. A eleição
de 2016 foi sua primeira tentativa de ocupar uma vaga no legislativo
municipal, e ela estuda concorrer novamente em 2020.
Mesmo breve, Luísa quer aproveitar seu mandato para cobrar medidas da
prefeitura. "Uma delas é o descaso que a prefeitura tem com os conselhos
municipais", diz ela. Além disso, defende a criação de um novo
conselho, que cuide dos direitos do LGBT. "Tem que ser iniciativa do
município, mas eu, como vereadora, posso cobrar", afirma.
Advogada e participante de movimentos e organizações de luta pelos direitos de igualdade, ela acredita que sua presença na Câmara pode mostrar para todas as trans que elas têm oportunidade ocupar também este espaço.
"A dificuldade é tanta, que muitas vezes as pessoas trans até desistem
de concorrer, porque acham que não conseguem. Mas o parlamento tem que
representar a sociedade. Como fazemos parte da sociedade, devemos estar
representadas", reflete Luísa.
Câmara de Vereadores terá presidente muher em março, diz presidente
A presidência da Câmara de Vereadores de Porto Alegre confirma que
Luísa é a primeira trans a assumir. O presidente, Valter Nagelstein,
ainda comenta que tirará um período de licença para fazer uma cirurgia, e
durante este período, quem ocupará seu lugar Mônica Leal, a vice da
casa.
"Eu poderia fazer a cirurgia em outra data, mas escolhi março. Então,
do dia 3 ao dia 20, a Câmara será presidida por mulheres", diz. "Acho
que a pauta dos diretos femininos é importante, assim como a liberdade
do indivíduo", resume.
Por G1 RS