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'Deus me manteve calmo', diz sobrevivente de atentado na Bélgica

Missionário mórmon Mason Wells ficou ferido em ataques no aeroporto.
Ele rompeu tendão de Aquiles e teve queimaduras no rosto e nas mãos.
 Missionário mórmon Mason Wells, de 19 anos, que sobreviveu aos atentados no aeroporto internacional de Zaventem (Foto: Pool TV/AP)

 
O missionário mórmon Mason Wells, de 19 anos, que sobreviveu aos atentados no aeroporto internacional de Zaventem, no nordeste de Bruxelas, na Bélgica, na terça-feira (22), disse que Deus o "ajudou" a se manter calmo em um momento de pânico.
"Eu acho que apenas uma pessoa poderia ter me ajudado a ficar calmo como eu fiquei, e essa pessoa seria Deus", disse Wells, que rompeu o tendão de Aquiles e teve queimaduras de segundo e terceiro graus no rosto e nas mãos.
Essa não é a primeira vez que Wells está em um local alvo de atentados terroristas. Ele também estava em Boston (EUA), em 2013, e em Paris (França), no ano passado, quando aconteceram os ataques nas duas cidades.
Segundo a imprensa americana, Mason estava a uma quadra de distância da linha de chegada da maratona de Boston, nos EUA, em 15 de abril de 2013, no momento em que ocorreu o atentado que deixou três mortos e 264 feridos, dos quais 17 amputados.
O adolescente também estava em Paris, na França, em 13 de novembro do ano passado, quando ataques terroristas deixaram 130 mortos e dezenas de feridos.
Muito afortunado
Apesar de ter presenciado três tragédias, Mason Wells se considera "muito afortunado".
"Meus pais sempre me disseram que tudo acontece por uma boa razão e não sei porque estive nestes locais toda vez", relatou calmamente este jovem da cama onde convalesce, com a cabeça enfaixada, à emissora americana CNN.
 Mason Wells, de 19 anos, e Joseph Empey, 20, ambos de Utah, ficaram gravemente feridos nos atentados (Foto: Joseph Empey/Chad Wells/AP) Mason Wells, de 19 anos, e Joseph Empey, 20, ambos de Utah, ficaram feridos nos atentados (Foto: Joseph Empey/Chad Wells/AP)
"Estava nestes locais onde certas coisas aconteceram. Sinto que o plano de Deus é muito maior do que a gente imagina", acrescentou o jovem mórmon à ABC.
"Minha fé tem me guiado por toda a minha vida, me permitiu crescer e ter experiências. Não sei porque estava nestes locais, mas o que sei é que cada vez fui atendido por pessoas extraordinárias, que me apoiaram e agradeço a elas", prosseguiu.
Mason Wells, que deve se recuperar quase totalmente de seus ferimentos após um longo período de convalescença, contou que aguardava próximo ao mostrador da companhia aérea americana Delta quando o primeiro suicida detonou os explosivos que levava consigo.
"Fiquei consciente todo o tempo", explicou o missionário. "Tinha tirado meu iPad para checar uma coisa quando a primeira bomba explodiu. O barulho foi realmente muito forte. Não sabia de onde vinha, não esperava por isso".
"Explodiu à minha direita e acho que o meu corpo foi tirado do chão. O iPad que tinha nas mãos, não sei, simplesmente desapareceu... Talvez tenha batido na minha cabeça quando escapou das minhas mãos. O mesmo aconteceu com o relógio que estava no pulso esquerdo; desapareceu. Meu sapato esquerdo explodiu e senti em grande parte do meu corpo, do lado direito, um calor muito forte, depois frio. Fiquei coberto de fluidos, muito sangue e muito sangue que não era meu".
Estado de choque
"Depois de sentir calor e frio, vi fogo na minha frente e em volta de mim. Havia chamas por todos os lados", disse Wells.
O jovem, procedente do estado de Utah (oeste) estimou que se encontrava a 10 ou 15 metros da bomba quando explodiu.
"Demorei talvez um segundo, meio segundo para perceber que uma bomba tinha explodido. Meu corpo entrou em estado de choque completo, sabia que estava ferido, [mas] não sabia se era grave. Encontrei uma saída e comecei a caminhar para a porta por onde tínhamos entrado, mas quase três ou quatro segundos depois da primeira, a segunda bomba explodiu. Senti a onda expansiva à minha direita, mas não acho que tenha sido atingido dessa vez", contou, lentamente.
Mason Wells estava há umas seis semanas em Bruxelas e acompanhava um amigo no aeroporto. "Vi outras pessoas perto de mim que foram muito mais afetadas. Rezo por elas, é meu único pensamento neste momento porque sei que tive sorte e que talvez todo mundo não tenha tido a mesma sorte que eu", acrescentou o jovem missionário.






Do G1, com France Presse
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