Área invadida fica no bairro Cidade Satélite (Foto: Diane Sampaio) |
Sem terras e guardas municipais entraram
em confronto na manhã de sábado, 25, em uma área privada, situada no
bairro Cidade Satélite, na zona Oeste da capital. Conforme relatos de
alguns invasores envolvidos, os guardas chegaram com truculência, junto
com fiscais da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e
Habitacional (Emhur), que exigiram a saída de todos da área.
Questionado se portavam algum mandado
judicial que determinasse a saída dos sem terras, os agentes públicos
retiraram à força as pessoas que montavam barracos, segundo os próprios
sem terras. Durante a confusão, um autônomo de 26 anos foi atingido por
uma bala de borracha em uma das pernas.
“Eu tinha ido à casa do meu primo
visitá-lo, quando o confronto entre invasores e guardas iniciou. Para
dispersar os sem terra, a equipe da Guarda Municipal utilizou balas de
borracha. Daí muitas pessoas correram para o quintal do meu primo, que
não é murado, para tentarem se proteger. Quando os guardas chegaram até a
residência do meu primo, eu e ele ficamos na frente da casa porque não
tínhamos nada a ver com o tumulto.
Foi quando eles mandaram eu me ajoelhar e
atiraram”, lembrou. Ele foi encaminhado ao Pronto Socorro Francisco
Elesbão, onde foi atendido. Levou seis pontos na perna e, no fim do dia,
foi liberado.
Um dos membros de uma associação criada
para ocupação e regulamentação das áreas junto aos órgãos competentes
afirmou que não tinha necessidade do uso da violência. “O rapaz já
estava rendido quando eles atiraram. Nós resistimos a sair do terreno
porque temos documentação de que essa área pertence ao Incra [Instituto
de Colonização e Reforma Agrária] e acreditamos que só podem nos tirar
de lá com apresentação de mandado judicial”, explicou.
Uma equipe do Batalhão de Operações
Policiais Especiais (Bope), da Polícia Militar, que realizava
patrulhamento de rotina, atuou para acalmar os ânimos entre guardas e os
sem terra. Seis pessoas foram detidas e o caso foi parar no 5º Distrito
de Polícia (DP), para onde foram levados também materiais utilizados
para construção de barracos no local. Após prestarem esclarecimentos e
assinarem Boletim de Ocorrência Circunstanciado (BOC), os seis invasores
foram liberados.
OUTRO LADO - Em nota, a
Prefeitura de Boa Vista esclareceu que “a Empresa Municipal de
Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) é responsável pela
disciplina da ocupação do solo urbano e, nessa condição, tem o dever
imposto por lei de atuar no sentido de evitar o parcelamento irregular
do solo”.
“Dando cumprimento ao dever, os fiscais
da Emhur, em parceria com a Guarda Civil Municipal, fizeram a retirada
de barracos construídos de forma irregular (invasão) no bairro Cidade
Satélite. Houve resistência durante desocupação. Os invasores passaram a
lançar pedaços de madeira e pedras contra os guardas. Diante da
situação, os guardas fizeram disparos de balas de borracha com um
lançador (arma não letal) visando conter os invasores, que se recusaram a
deixar o local de forma pacífica”, destacou. (T.C)
Por Tamille Cunha