Com a retomada das negociações, processo para iniciar as obras do Linhão de Tucuruí deverá ser iniciado do zero
Linhas de transmissão devem acompanhar o traçado da BR-174, que corta a Terra Indígena Waimiri-Atroari (Imagem: Divulgação/Google) |
Em entrevista exclusiva à Folha, o superintendente
regional da Eletrobras Transmissão Roraima, Roni Franco Rodrigues,
anunciou que no início de abril haverá uma reunião com os indígenas para
definir os últimos entraves para a retomada da obra do Linhão de
Tucuruí entre Manaus (AM) e Boa Vista, que irá interligar Roraima ao
Sistema Interligado Nacional (SIN) a partir do Amazonas. Com a retomada,
o processo deverá ser iniciado do zero, com previsão para a energia
chegar a Roraima possivelmente em 2021.
“Após a reunião com os parlamentares, o presidente Temer [PMDB] reuniu os integrantes dos ministérios e afirmou que o linhão tinha de sair de qualquer jeito e que o mais viável é a continuação do contrato existente.
Nas reuniões posteriores, os ministérios foram cumprindo suas obrigações, e a Funai [Fundação Nacional do Índio], onde estava o maior entrave, deu uma resposta favorável ao início dos trabalhos ambientais dentro da reserva indígena. No início do mês, a Funai vai na área apresentar aos indígenas o plano de trabalho apresentado pelo consórcio”, disse.
Conforme ele, não vai ocorrer a quebra do contrato com a empresa e o consórcio Transnorte Energia S. A. (TNE), formado por conta de 49% da Eletronorte e 51% da Alupar, continua normalmente.
“A empresa pediu o cancelamento e a Aneel deu parecer favorável, mas o Governo Federal não aceitou. Então aconteceram várias reuniões com a empresa e foi definido que o mais viável seria a continuação do contrato”, explicou Franco.
A nova proposta a ser levada pela Funai aos indígenas inclui, além do traçado correndo paralelamente à BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (que portanto já passa pela terra indígena há mais de 30 anos), vários projetos de desenvolvimento e subsistência que serão benéficos para as comunidades, segundo a Eletronorte.
Segundo a Eletrobras, após a reunião com as comunidades Waimiri-Atroari sobre a passagem do linhão pelas áreas indígenas, a negociação deverá ser concluída de forma positiva. “Todos os empreendimentos têm compensações, e essas compensações não necessariamente têm que ser em dinheiro. São convênios entre empresas e nós, por exemplo, para Guri passar tivemos convênio com São Marcos para melhorar a qualidade de vida dos indígenas, o que tornou São Marcos independente financeiramente. Então, é um modelo e exemplo a ser seguido, com projetos de agricultura, pecuária e gestão. Cada empreendimento é uma nova negociação”, explicou Gonçalves.
TRAÇADO – A terra indígena onde o linhão passará tem um trecho de 122 quilômetros, com uma malha de 721 km entre Manaus e Boa Vista, conectando Roraima ao chamado Sistema Interligado Nacional (SIN). O nó de toda a polêmica está no traçado escolhido para a linha. Dos 721 km da malha, 121 km passam dentro da Terra Indígena Waimiri-Atroari, uma área de 26 mil km quadrados, maior que o Estado de Sergipe. Na terra indígena, espalhados em 31 aldeias, vivem 1.600 índios.
Superintendente afirma que energia de Guri é confiável
Com o crescimento do Estado, novos domicílios e empresas, a população vive assombrada pelo fantasma do apagão, já que 72,2% da energia consumida são comprados da Venezuela, por meio do Linhão de Guri, país que enfrenta a maior crise econômica e humanitária da história.
Os outros 27,8% de energia elétrica são fornecidos por quatro usinas termelétricas caras e poluentes, mantidas pela Eletrobras. Todo mês, esses equipamentos consomem seis milhões de litros de óleo diesel, ao custo de R$ 20 milhões. “Não existe nada oficial e nem não oficial sobre qualquer interrupção em Guri. Temos um contrato entre dois países que deve ser respeitado e não será quebrado sem qualquer formalidade”, explicou o superintendente regional da Eletrobras Transmissão Roraima, Roni Franco Rodrigues.
Ele afirmou que até 2015 a Venezuela fornecia 95 Megawatts e, após as modernizações em Boa Vista, foi possível trazer 130 Megawatts. “O que acontece é que em Boa Vista aumentou muito a demanda e hoje consumimos aproximadamente 180 Mega e a Eletrobras completa essa quantidade restante. O contrato sempre forneceu a mesma quantidade. A questão é que antes Boa Vista consumia menos.
Os problemas que acontecem são relativos à situação política da Venezuela, mas não tem nada a ver com Roraima. Temos geração térmica suficiente para suprir a demanda se for necessário, mas é muito difícil acontecer algo no fornecimento de Guri, pois a Venezuela precisa de dinheiro e nós pagamos. Não vão deixar de atender o maior consumidor deles”, complementou.
Por Folha Web
“Após a reunião com os parlamentares, o presidente Temer [PMDB] reuniu os integrantes dos ministérios e afirmou que o linhão tinha de sair de qualquer jeito e que o mais viável é a continuação do contrato existente.
Nas reuniões posteriores, os ministérios foram cumprindo suas obrigações, e a Funai [Fundação Nacional do Índio], onde estava o maior entrave, deu uma resposta favorável ao início dos trabalhos ambientais dentro da reserva indígena. No início do mês, a Funai vai na área apresentar aos indígenas o plano de trabalho apresentado pelo consórcio”, disse.
Conforme ele, não vai ocorrer a quebra do contrato com a empresa e o consórcio Transnorte Energia S. A. (TNE), formado por conta de 49% da Eletronorte e 51% da Alupar, continua normalmente.
“A empresa pediu o cancelamento e a Aneel deu parecer favorável, mas o Governo Federal não aceitou. Então aconteceram várias reuniões com a empresa e foi definido que o mais viável seria a continuação do contrato”, explicou Franco.
A nova proposta a ser levada pela Funai aos indígenas inclui, além do traçado correndo paralelamente à BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (que portanto já passa pela terra indígena há mais de 30 anos), vários projetos de desenvolvimento e subsistência que serão benéficos para as comunidades, segundo a Eletronorte.
Segundo a Eletrobras, após a reunião com as comunidades Waimiri-Atroari sobre a passagem do linhão pelas áreas indígenas, a negociação deverá ser concluída de forma positiva. “Todos os empreendimentos têm compensações, e essas compensações não necessariamente têm que ser em dinheiro. São convênios entre empresas e nós, por exemplo, para Guri passar tivemos convênio com São Marcos para melhorar a qualidade de vida dos indígenas, o que tornou São Marcos independente financeiramente. Então, é um modelo e exemplo a ser seguido, com projetos de agricultura, pecuária e gestão. Cada empreendimento é uma nova negociação”, explicou Gonçalves.
TRAÇADO – A terra indígena onde o linhão passará tem um trecho de 122 quilômetros, com uma malha de 721 km entre Manaus e Boa Vista, conectando Roraima ao chamado Sistema Interligado Nacional (SIN). O nó de toda a polêmica está no traçado escolhido para a linha. Dos 721 km da malha, 121 km passam dentro da Terra Indígena Waimiri-Atroari, uma área de 26 mil km quadrados, maior que o Estado de Sergipe. Na terra indígena, espalhados em 31 aldeias, vivem 1.600 índios.
Superintendente afirma que energia de Guri é confiável
Com o crescimento do Estado, novos domicílios e empresas, a população vive assombrada pelo fantasma do apagão, já que 72,2% da energia consumida são comprados da Venezuela, por meio do Linhão de Guri, país que enfrenta a maior crise econômica e humanitária da história.
Os outros 27,8% de energia elétrica são fornecidos por quatro usinas termelétricas caras e poluentes, mantidas pela Eletrobras. Todo mês, esses equipamentos consomem seis milhões de litros de óleo diesel, ao custo de R$ 20 milhões. “Não existe nada oficial e nem não oficial sobre qualquer interrupção em Guri. Temos um contrato entre dois países que deve ser respeitado e não será quebrado sem qualquer formalidade”, explicou o superintendente regional da Eletrobras Transmissão Roraima, Roni Franco Rodrigues.
Ele afirmou que até 2015 a Venezuela fornecia 95 Megawatts e, após as modernizações em Boa Vista, foi possível trazer 130 Megawatts. “O que acontece é que em Boa Vista aumentou muito a demanda e hoje consumimos aproximadamente 180 Mega e a Eletrobras completa essa quantidade restante. O contrato sempre forneceu a mesma quantidade. A questão é que antes Boa Vista consumia menos.
Os problemas que acontecem são relativos à situação política da Venezuela, mas não tem nada a ver com Roraima. Temos geração térmica suficiente para suprir a demanda se for necessário, mas é muito difícil acontecer algo no fornecimento de Guri, pois a Venezuela precisa de dinheiro e nós pagamos. Não vão deixar de atender o maior consumidor deles”, complementou.
Por Folha Web