O empresário Raphael Cordeiro de Farias Wright, de 34 anos, vai a júri
popular nesta quinta-feira (23), no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste
de São Paulo, pela morte da servidora federal Ângela Maria Molino, de 59
anos. A vítima foi atropelada na madrugada de 15 de outubro de 2003, na
Avenida Paulista.
O julgamento será presidido pela juíza Helena Furtado de Albuquerque
Cavalcanti e está previsto para começar às 13h. Acusação será comandada
pelo promotor Tomás Ramadan, com o auxílio do advogado Átila Machado. A
defesa será feita pelo advogado Alberto Zacarias Toron. Foram escaladas
12 testemunhas, tanto de defesa como de acusação.
"Acreditamos que o réu será condenado. Há provas de que ele estava
alcoolizado, ele mesmo disse isso em depoimento à polícia, que tomou
duas latinhas de cerveja antes do atropelamento", disse o assistente da
acusação Machado.
Segundo ele, a estratégia da defesa de Wright é seguir pela prescrição
do crime de homicídio com dolo eventual. "Já tivemos julgamento marcado
para 2014, 2015 e 2016 e sempre foi adiado pelos mais diversos motivos
da defesa. O delegado já capitulou o dolo [intenção] eventual: alta
velocidade, descumprimento das ordens semafóricas e uso do álcool assume
o risco do resultado."
Machado afirmou que "segundo a perícia, há uma marca de frenagem de 28
metros após o impacto, que foi na faixa de pedestres". "A vítima tinha
59 anos e 1,55 m de altura. Ela foi atropelada por um jipe alto e
projetada a 50 metros do atropelamento. Foi no cruzamento da Avenida
Paulista com a Rua Ministro Rocha Azevedo. A Ângela saia do Tribunal
Regional Federal, onde trabalhou até 4h da manhã."
O advogado Toron nega a estratégia de protelar o julgamento do réu para
tentar evitar que ele seja condenado por homicídio doloso por
prescrição do crime. "O juiz de 1º grau afastou a acusação, proferiu uma
sentença desclassificando a acusação de dolo eventual. Se a gente
observar os autos com cuidado, o fato é de 2003, a sentença de
desqualificação é de 2005, o recurso da acusação foi julgado em 2009, ou
seja, a gente pôde observar que os dois lados recorreram e os recursos
foram providos."
O defensor de Wright disse que espera realizar o júri nesta
quinta-feira, diferentemente do que ocorreu nas outras três datas de
julgamento. "Quanto ao júri, dois deles foram designados enquanto
recursos eram analisados ainda. Espero que a amanhã [esta quinta] haja a
desclassificação da acusação de homicídio com dolo eventual."
O Código de Trânsito Brasileiro prevê pena de 2 a 4 anos de detenção
para homicídio culposo e o Código Penal, de 1 a 3 anos de prisão. Para
ambos os códigos a prescrição para homicídio culposo é de 8 anos.