Um dia depois de ser feita refém pelo criminoso que tentou roubar um
ônibus em um dos acessos à Ponte Rio-Niterói, a secretária executiva
Janete Schimidt não conseguiu dormir. Ela conta que passou a noite em
claro, com medo de que algo semelhante acontecesse com ela.
“Eu não consegui dormir. Eu não dormi. A sensação que eu tive é que,
toda hora, alguém agarrava o meu pescoço. Eu deitei com o meu neto. Ele
colocou o bracinho por cima de mim e eu empurrei com força, desesperada,
achando que estava acontecendo ali, comigo”, contou Janete.
A vítima chegou a ser abraçada pelo assaltante John Lennon Silva Barbosa, de 25 anos, e foi uma das primeiras a serem rendidas.
“Eu estava sentada sozinha, ele sentou do meu lado e colocou a arma na
minha cabeça. Quando ele me jogou para o chão que começou a assaltar as
pessoas”, explicou Janete.
Janete explicou ainda que achou que fosse passar por uma tragédia semelhante a do ônibus 174.
“Eu pensei: estou vivendo uma história passada. Vou morrer aqui. Quanto
mais ele ficar nervoso com essa quantidade de policial, mais ele pode
me matar e machucar mais alguém”, destacou a passageira.
A abordagem feita pelos policiais, inclusive, foi o momento mais tenso
de acordo com uma das vítimas e o inspetor Hélio de Macedo, da Polícia
Rodoviária Federal, que participou da operação.
“Quando os policiais efetuam a abordagem do ônibus é sempre um momento
tenso. Os policiais notaram que ele tentava esconder a arma e achamos
que poderia ser de mentira. Não tínhamos certeza e agimos como se a arma
fosse de verdade”, explicou o inspetor da PRF.
De acordo com o agente, o preparo da polícia para casos de sequestro de
ônibus melhorou muito desde o caso do ônibus 174, que ressaltou ainda
que a área conta com policiamento redobrado por ser alvo constante de
crimes.
“Aquele local é conhecido pela criminalidade. Em toda a região de
Niterói e São Gonçalo temos percebido um aumento bastante grande nas
ocorrências de assalto a coletivos, vans e passageiros em pontos de
ônibus”, destacou o inspetor Hélio de Macedo.
Após o susto, Janete acredita que a sensação de insegurança vai permanecer. Para ela, a rotina segue igual, mas com mais medo.
“O que eu levo daqui para frente é que eu vou ter que pegar todo dia o
ônibus novamente. E todo dia ir e vir com ele. Com medo ou sem medo”,
explicou a secretária.
Por Bom Dia Rio