O presidente sul-africano Jacob Zuma será o grande ausente no funeral do ícone da luta antiapartheid Ahmed Kathrada, que morreu aos 87 anos na terça-feira (28).
Companheiro de cela de Nelson Mandela e figura histórica do partido
Congresso Nacional Africano (ANC), Kathrada pediu publicamente no ano
passado a renúncia do atual chefe de Estado, envolvido em uma série de
escândalos de corrupção.
"O presidente Zuma não participará no funeral, nem na homenagem
(nacional), de acordo com os desejos da família", afirma um comunicado
divulgado pela presidência.
Zuma, no entanto, adiou por algumas horas, de forma oficial, um
conselho de ministros previsto para esta quarta-feira (29) para que que
os membros do governo possam comparecer ao funeral em Johannesburgo.
Desde que se afastou da política em 1999, Ahmed Kathrada dirigia a
fundação que tem o seu nome, dedicada a lutar contra a desigualdade.
Mas no ano passado ele saiu rapidamente de sua aposentadoria política
para lamentar o rumo tomado pelo Congresso Nacional Africano sob o
comando de Zuma.
"Querido camarada presidente, o senhor não pensa que continuar como
presidente vai contribuir para agravar a crise de confiança no governo
do país?", questionou em uma carta aberta.
Toda a África do Sul prestou homenagem, emotiva e unânime, ao "Tio
Kathy", seu apelido, que passou vários anos detido com Mandela na prisão
de Robben Island.
Apesar do ANC, que está no poder desde 1994, ter elogiado um "líder
cujo serviço ao país ficará marcado para sempre", Zuma se limitou a
apresentar condolências à família e a expressar sua "profunda tristeza".
Por France Presse