Sem registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), um homem foi preso
dentro de um posto de saúde no segundo distrito de Rio Branco por
exercício ilegal da profissão. Marcelo Penteado Duarte se apresentava
como cirurgião plástico e consultava pacientes dentro da unidade nesta
segunda-feira (5).
Uma denúncia anônima ajudou o CRM a flagrar Duarte, que foi preso e
levado para a Delegacia de Flagrantes (Defla). Ele foi liberado após
assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrências (TCO) e deve aguardar em
liberdade as investigações da Polícia Civil.
A reportagem tentou contato com o suspeito por um número de telefone
disponibilizado no Facebook dele, porém, não obteve retorno até esta
publicação. No perfil dele, Duarte também se apresenta como cirurgião,
formado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e divulga o número para
consulta e cirurgias.
Em uma postagem de 2015, Duarte chegou a esclarecer que trabalhava para
um médico chamado dr. Toledo e apenas auxiliava as pacientes desse
médico na recuperação.
Consulta por R$ 100
Ao G1,
o assessor do CRM Ricardo Thomáz disse que além de consultar os
pacientes dentro de uma unidade pública de saúde, Duarte cobrava cerca
de R$ 100 por consulta. Após o procedimento na unidade, as cirurgias
eram feitas em uma clínica na Bolívia.
"Ele divulgava nas redes sociais, através de um anúncio, cirurgias
plásticas por um preço acessível. Se apresentava como Marcelo Plástico
Duarte. Era assim que se anunciava. O anúncio dizia ‘cirurgias plásticas
com valores acessíveis em Pando e Cobija. Realize seu sonho com um dos
melhores profissionais de Santa Cruz de la Sierra’. Na hora da consulta,
ele dizia que o valor da consulta seria descontado no valor da
cirurgia”, explicou.
O secretário de Saúde de Rio Branco, Oteniel Almeida, disse que teve
conhecimento da situação nesta terça (6) e abriu um procedimento
administrativo para apurar o caso.
"O que me relataram é que o rapaz não é servidor de lá, mas estava lá
ontem. A mãe dele é servidora da unidade, chegou e pediu a sala para
conversar com uma pessoa enquanto esperava a mãe dele. A sala é um
consultório e aconteceu a situação. Vou abrir um processo para apurar
tudo e pedir imagens das câmeras de segurança para saber se ele estava
por lá nos outros dias", garantiu.
Já conforme o assessor do CRM, o suspeito atendia os pacientes dentro
de uma sala do Centro de Apoio Diagnostico (CAD) e, no momento do
flagrante, fazia uma consulta. O assessor garantiu que Duarte não tem
autorização para fazer cirurgias plásticas.
“Ele estava atendendo uma pessoa, quando essa pessoa saiu o doutor
Virgílio entrou e constatou. Ele cobrava e já fazia uma consulta de
avaliação. Ele não tem CRM, não é médico. Isso está comprovado. Ele
falou que a mãe dele trabalha lá e facilitou o acesso”, acrescentou.
O delegado que atendeu o caso na Defla, Roberto Lusena, confirmou que
Duarte foi liberado após assinar um TCO. Segundo Lusena, o suspeito
permaneceu calado durante o depoimento, mas garantiu que é formado em
medicina.
"Ele foi autuado pelo crime de exercício ilegal da profissão de médico.
Ficou em silêncio, que é um direito constitucional. Disse que é formado
em medicina, mas não tinha autorização", concluiu.
Por Aline Nascimento, G1 AC, Rio Branco