O Palácio do Planalto atribui o tom bélico do
presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao lançamento do nome dele como
pré-candidato à Presidência pelo DEM. O evento partidário para
oficializar a pré-candidatura de Maia deve acontecer no início de março.
Interlocutores de Michel Temer avaliam que Maia passou a demarcar
território nesses últimos dias, principalmente depois de perceber que o
próprio presidente também já trabalha com o cenário de disputar a reeleição.
Os ataques recentes de Maia têm incomodado o Planalto. O presidente da Câmara chamou de "café frio e velho" o pacote de 15 medidas para compensar o enterro da reforma da Previdência.
Ele também disse que não pautará pontos da reforma da Previdência
por projeto de lei e, ainda, causou saia justa ao próprio Temer ao
revelar que o presidente sugeriu imposto para financiar a segurança.
"O Maia já assumiu a postura de candidato. E decidiu atacar Temer para
afastar sua imagem do presidente. É uma pena, pois Temer foi o principal
articulador da reeleição dele para o comando da Câmara. Isso acontece
quando Temer apresenta uma agenda de segurança com a intervenção no Rio
de Janeiro", lamentou um auxiliar direto do presidente.
No DEM, a estratégia é lançar a pré-candidatura de Maia para testar o
potencial do presidente da Câmara. Ele já tem costurado apoio junto aos
partidos do Centrão, como o PP.
"Vamos avaliar a viabilidade de Maia. Como o cenário está muito
pulverizado e Alckmin não tem demonstrado fôlego, está na hora de testar
um candidato próprio", disse um cacique do DEM.
Como informou o blog, mesmo com as negativas oficiais de que Michel
Temer prepara o terreno para se candidatar neste ano, o Palácio do
Planalto já trabalha com o cenário de o presidente entrar na disputa eleitoral para defender o governo.
Num primeiro momento, Temer estudava lançar um nome para defender o
legado do governo, mas com o afastamento do governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSDB), o tom crítico de Rodrigo Maia (DEM) e as
dificuldades eleitorais do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles,
ganhou força no governo a tese de eventual candidatura de Temer à
reeleição.
Por Gerson Camarotti