Policiais revistaram um apartamento pertencente ao piloto Felipe Ramos
Morais, de 31 anos, em Guarujá, no litoral de São Paulo, nesta
quarta-feira (28). Ele é apontado como o piloto do helicóptero que foi
utilizado
nas execuções de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, de 41
anos, e Fabiano Alves de Souza, o Paka, de 38 anos, no Ceará.
A identificação do apartamento foi feita pela equipe da Delegacia de
Investigações Gerais (DIG) de Santos. Policiais solicitaram autorização à
Justiça para fazer uma varredura no imóvel, uma vez que havia a
suspeita de que ali eram guardados armamentos pertencentes a uma facção
criminosa de São Paulo.
"Fomos lá e apreendemos alguns documentos. Não havia ninguém no local.
Utilizamos uma chave reserva na portaria para acessar o imóvel. Fomos
procurar armas, como fuzil, mas o apartamento estava vazio", contou o
investigador-chefe da DIG, Paulo Carvalhal, que integrou os trabalhos de
busca no local.
Os policiais também não receberam a informação de quando Felipe fez a
última visita ao imóvel. Desde a emboscada, ocorrida no Ceará, ele é
procurado pela polícia por entender que houve envolvimento do piloto.
Felipe já foi preso por transportar 174 quilos de cocaína em um
helicóptero que saiu da Bolívia.
O imóvel localiza-se no quarto andar do edifício Solaris, na praia das
Astúrias. Trata-se do mesmo prédio onde uma cobertura tríplex é
atribuída ao ex-presidente Lula, que acabou condenado pelo juiz Sérgio
Moro por entender que o apartamento foi entregue pela construtora OAS
como propina ao político. O ex-presidente nega que o apartamento seja
dele.
A DIG também identificou que o piloto é o mesmo que Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) investiga por ter realizado um
pouso não autorizado com passageiros em um campo de futebol de várzea
em Praia Grande, também no litoral paulista, em julho de 2017, para
comer em um restaurante fastfood. O incidente mobilizou equipes da Polícia Militar.
Na ocasião, as informações iniciais indicavam que os ocupantes haviam
abandonado a aeronave e fugido. Horas depois, piloto e um casal
retornaram informando que foram fazer um lanche e compras em um shopping
nas proximidades. O caso foi parar na delegacia o helicóptero ficou
retido até o amanhecer seguinte.
Imagens
O sócio
do hangar onde ficou estacionado o helicóptero usado no crime que matou
Gegê do Mangue e Paca entregou à polícia na terça-feira (27) imagens
das câmeras que mostram os envolvidos no assassinato da dupla chegando ao local e saindo com a aeronave.
Segundo Paulo Jhon Garcês Moreira, sócio da empresa, durante o carnaval
o proprietário do helicóptero ligou perguntando se tinha espaço no
local para deixar a aeronave. Garcês afirma que não era a primeira vez
que ele usava o serviço da empresa, e em dezembro já tinha estacionado
no local.
No dia do crime, o grupo pegou o helicóptero e fez um primeiro voo,
depois retornou para buscar mais bagagens e foi embora, segundo relata
Garcês. De acordo com as investigações policiais, após pousar na reserva
indígena de Aquiraz, onde ocorreu o crime, o helicóptero fez um pouso
na cidade de Santo Antônio, no Rio Grande do Norte, por cerca de 20
minutos.
Um bilhete achado na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo,
reforça a suspeita investigada pelo Ministério Público de que os dois
foram foram mortos no Ceará pelo PCC porque supostamente desviaram
dinheiro da facção criminosa.
“Amigos aqui é o resumo do Pe quadrado [Penitenciária] e mais uns
irmãos. Ontem foram chamados em uma ideias, aonde nosso ir [irmão]
cabelo duro deixou nois [sic] ciente que o fuminho mandou matar os (...)
o GG e o Paka. Inclusive o ir cabelo duro e mais alguns irs [irmãos]
são prova que os irs [Gegê e Paca] estavam roubando”, informa o bilhete
escrito a caneta num pedaço de papel.
Férias
Gegê do Mangue estava em Fortaleza há pelo menos seis meses. Em
Aquiraz, cidade onde foi achado morto, Gegê era dono de uma mansão num
condomínio de luxo e vários carros importados. Os criminosos usavam o
período de férias no Ceará para reencontrar familiares. Há fotos de Paca
em um famoso parque aquático do estado e em praias como Jericoacoara e
Canoa Quebrada em janeiro de 2017.
De acordo com o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, o deslocamento do
chefe da facção e do comparsa era feito sempre por aeronaves fretadas
que saíam do Paraguai ou da Bolívia direto para o Ceará.
Por G1 Santos