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Donos de bares ignoram proibição e vendem bebidas aos indígenas


   
Foto:  Charles Bispo
Jovens indígenas bebem e jogam sinuca na feirinha do São Vicente
O coordenador substituto da Fundação Nacional do Índio (Funai), Riley Mendes, informou que os indígenas jovens são os que mais trocam suas comunidades por áreas urbanas. Segundo ele, o referido público recorre às cidades principalmente para estudar, mas depois de formado ou profissionalizado, volta à comunidade.

Contudo, Riley observou que o lado negativo da permanência do índio nos centros urbanos, em nível nacional, é o alcoolismo. Por isso, ele faz um alerta aos comerciantes. “É crime vender bebida alcoólica a índios, independente de idade, e a responsabilidade é de todos”, avisou.

Para o coordenador, é preciso uma campanha de conscientização que envolva as autoridades municipais, estaduais e federais contra a venda de bebida, como ocorre com crianças e adolescentes. “Como disse. Todos têm a obrigação de acompanhar esta situação. O Estatuto do Índio proíbe a venda de bebida, mas infelizmente os comerciantes querem ganhar dinheiro”, lamentou.

No caso da venda acontecer, Riley orientou a população a denunciar, ligando para o 190 ou até mesmo para a Funai, nos números 3623-9486 e 3623-0773. O coordenador também disse que a Fundação desenvolve e incentiva programas para que os índios permaneçam em suas comunidades, como o da Castanha do Brasil e do Artesanato. “Os Yanomami e os povos das serras participam desses projetos. O que produzem é comercializado e assim eles conseguem ter melhorias de vida”.

No combate mais efetivo ao alcoolismo, o coordenador falou que a Funai tem trabalhado na conscientização, fazendo palestras e oficinas na Capital, aos finais de semana. Segundo a chefe da Coordenação Técnica de Promoção dos Direitos Sociais da Funai, Elayne Maciel, os temas abordam direitos e benefícios ao referido público, além da busca de soluções para os problemas, entre eles, o alcoolismo.

“Temos ainda um setor que notifica os donos de estabelecimentos que vendem bebida alcoólica aos índios. E se ele continuar vendendo, então poderá ser multado e até responder criminalmente”.

Sobre a migração apontada pelo IBGE nos dois últimos censos, a chefe disse que este fenômeno não é novo. Ela cita o povo Yanomami, por exemplo, que se movimenta em determinadas áreas no decorrer do ano. Para reforçar sua tese, Elayne mostra números que apontam justamente o contrário do que diz o IBGE: a permanência dos índios em suas comunidades.

O levantamento, segundo ela, é feito todo mês pelo Distrito Sanitário Leste (Dsei/Leste) e pelo Dsei/Yanomami, que abrange oito municípios, três no Amazonas. O Leste engloba 10 municípios, todos em Roraima. A população Yanomami soma atualmente 18.995; e o Leste, 40.611, conforme levantamento feito pelos distritos.

Os números indicam que Uiramutã é o município com mais índios em Roraima, com 10.312; seguido por Normandia, com 8.026; Pacaraima, 6.575; Bonfim, 3.936; Amajari, 3.022; Alto Alegre 2.713; Cantá, 2.753, e Boa Vista, 2.537. São Luiz do Anauá, no Sul do Estado, é o município com menor população indígena, com 248. Os Yanomami se concentram mais em Alto Alegre, 6.726; e em Barcelos, no Amazonas, com 3.327 índios.





AMILCAR JÚNIOR
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